quarta-feira, 21 de julho de 2010

Passos apaga "justa causa" do despedimento


Passos Coelho quer riscar a expressão "justa causa" do artigo da Constituição que impõe limites aos despedimentos. O partido laranja substitui a expressão por "causa atendível". A mudança, que abre a porta à flexibilização dos despedimentos, é um dos pontos da proposta de revisão constitucional que o PSD leva ao Parlamento até Setembro.

Paulo Teixeira Pinto explicou ao DN que "justa causa" é um conceito "muito apertado" e que "imputa culpa" no trabalhador. O jurista, que presidiu à comissão de trabalho que elaborou o projecto, frisou, porém, que a nova formulação não é uma liberalização dos despedimentos. "Não é admissível rescindir sem motivo", avisou, explicando que as razões atendíveis virão na lei ordinária.

O documento, a que o DN teve acesso, é o esboço de uma autêntica revolução constitucional, com propostas de alteração em cerca de um terço dos artigos do texto fundamental (98 em 296). Cumprindo a promessa de mexer no Estado social idealizado após a revolução, o PSD apagou a gratuitidade do acesso à saúde e à educação, e foi ao ponto de mexer no equilíbrio de poderes: Passos quer devolver ao Presidente o poder para demitir o Governo, mesmo sem usar a bomba atómica - dissolução da Assembleia - um ponto revelado este fim-de-semana por Passos, que mereceu já resposta de José Sócrates. O primeiro-ministro acusou o seu rival de querer "regressar ao passado" por colocar o Governo na dependência do Presidente e pôr em causa as conquistas do Estado social.

PS - Até o João Jardim está contra...

Nota minha: "Por Qué no te callas?"

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