segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Dez mil mortos na Líbia, estima membro do Tribunal Penal Internacional


Pelo menos dez mil pessoas morreram na Líbia desde o início da contestação popular ao regime de Muammar Kadhafi em 15 de fevereiro, disse hoje o membro líbio do Tribunal Penal Internacional, Sayed al Shanuka.

Em declarações à televisão Al Arabiya, a partir de Paris, o Presidente da Comissão de Justiça e Democracia do Tribunal adiantou que os feridos podem rondar os 50.000.

Al Shanuka sublinhou que «nestes regimes ditatorais o povo não se pode manifestar», mas acrescentou que «o povo líbio, como a maioria dos povos árabes, sofreu, mas teve oportunidade de se rebelar».

Lembrou que «desde que Kadhafi chegou ao poder, assassinou milhares de pessoas e também milhares de presos».

O governo líbio afirmou na terça-feira à noite que pelo menos 300 pessoas morreram nos distúrbios que abalam a Líbia nos últimos dias.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A Europa da Sra. Merkel e do Sr. Sarkozi.


A Europa está mais preocupada em manter os líbios encerrados nas suas fronteiras do que em condenar o massacre levado a cabo pelo ditador Muammar Kadhafi e em apoiar os cidadãos que "jogam a sua vida para combater uma velha tirania"

A acusação é do El País, que no seu editorial arrasa a "a mesquinhez" dos líderes europeus e considera que esta não é a União Europeia (UE) que deveria existir perante as revoluções no Magrebe e no Médio Oriente. "Ao silêncio e à paralisia com que se receberam as manifestações que acabaram com as ditaduras de Ben Ali e de Mubarak, na Tunísia e no Egípcio, soma-se agora a fraqueza. Quando um tirano lança tanques e aviões contra os cidadãos que o repudiam, e entre os quais o número de mortos chega às centenas, é simplesmente vergonhoso que se fale em contenção no uso da força", escreve o diário espanhol.

O El País lembra que estes não são os primeiros crimes cometidos por Kadhafi, mas são os levados a cabo de forma mais descarada, e critica as cautelas no comunicado emitido pela alta representante europeia de Política Externa, Catherine Ashton, e nas mensagens do Conselho de Ministros europeus. Além disso, considera que, se a Itália e a República Checa conseguiram travar uma posição comum da UE de maior firmeza, isso só aconteceu porque os restantes 25 países "não estão incómodos" com isso, o que se trata de "uma humilhante derrota para todos".

Para o jornal espanhol, a Europa renunciou a distinguir entre um imigrante e um refugiado e deixou de conseguir hierarquizar os problemas à custa de passar o tempo a olhar para o seu próprio umbigo, colocando à frente do apoio às populações martirizadas uma obsessão (imigração ilegal) dos partidos populistas que passou para os outros, os democráticos, que fazem tudo em troca de votos.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Boaventura Sousa Santos:“este projeto europeu faliu”


O sociólogo Boaventura Sousa Santos negou hoje que os portugueses sejam “lascivos, preguiçosos e indolentes”, uma classificação que disse radicar num “preconceito histórico”.

Trata-se de “estereótipos que se criaram sobre a sociedade portuguesa”, disse Boaventura Sousa Santos, na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC).

Associando o actual “momento muito difícil” por que passa o país, no plano económico-financeiro, ao “modo como a própria União Europeia tratou a questão do euro”, defendeu que “Portugal tem futuro, não é um país sem alternativa”.

Boaventura Sousa Santos falava aos jornalistas, à margem do colóquio internacional "Portugal entre desassossegos e desafios", organizado pelo Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, do qual é director.

O catedrático jubilado da FEUC recusa-se “totalmente a ser cúmplice dessas críticas” a Portugal, “lamúrias sarcásticas que surgem hoje na comunicação social”.

“Hoje tudo é feito de um preconceito histórico, como se os portugueses fossem lascivos, preguiçosos e indolentes, mas não é isso que se passa”, disse.

O sociólogo realçou que “Portugal tem uma história que contribuiu para o que a Europa é hoje”, acrescentou.

Na sua opinião, “este projeto europeu faliu”, sendo necessário transformar a União Europeia, em cuja construção “o que contou foi a economia”, num “projecto mais próximo da realidade dos cidadãos”.

Quando os negócios “não vão bem para os mais ricos, eles viram-se contra os mais pobres”, enfatizou.

“Não tenho esperança que com estes líderes a Europa vá encontrar algum futuro”, opinou.

Boaventura Sousa Santos vaticinou que “os portugueses vão superar” as atuais dificuldades, lamentando que a crise europeia e global esteja “a ser resolvida por quem a criou”.

A conferência inaugural do colóquio internacional, que termina na sexta-feira, foi proferida pela escritora Hélia Correia.

“O imaginário sem norte” é o título da conferência, em que Hélia Correia aborda o que designa como “doença portuguesa”, em que “a saudade surge como o sentimento mais visível e exuberante”.

Outro dos oradores foi o presidente da Associação Portuguesa de Sociologia, Manuel Carlos Silva, que denunciou “os riscos relacionados com a utilização instrumental da sociologia ao sabor das conveniências políticas dos detentores do poder a nível nacional, regional e local”.

Criticou também “as tendências de empresarialização e gestão privada de instituições, nomeadamente universidades, cujo desenlace pode ser a desvalorização ou menorização das ciências sociais e humanas”.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A parte séria da geração parva


A nova canção dos portugueses Deolinda, com o título Parva que Sou, provocou por aí vários fragores. Os mais atrevidos lêem no refrão do tema (que mundo tão parvo/onde para ser escravo é preciso estudar) um novo hino geracional, semelhante ao proporcionado pelas canções de Zeca Afonso ou José Mário Branco. Um exagero. Outros, como o ministro Mariano Gago ou a ex-ministra Lurdes Rodrigues, vêem no refrão uma palermice, capaz até de afastar dos estudos os mais incautos. Outro exagero. No meio disto, ganham os Deolinda, cujo tema, ainda não editado, é já um sucesso...

Postos de lado os exageros interpretativos, há uma parte séria neste assunto. Para a "geração parva", como já é apelidada a chusma de jovens que sobrevivem com mil euros, ou menos, ou que nem estudam nem trabalham, ou que arrisca passar a vida a saltitar de um emprego precário para outro emprego precário, para essa "geração parva" as coisas vão, muito provavelmente, piorar antes de melhorar. Resta apenas conhecer a amplitude do verbo piorar.

A Alemanha, acompanhada da França, toca as notas deste futuro que se desenha a negro. A chanceler Merkel não está disposta a abrir os cordões à bolsa sem que, em contrapartida, os países pecadores como Portugal se sujeitem a uma dura penitência. Em que consiste a dita? Entre outras coisas, a chanceler exige que a evolução salarial ande a par com os ganhos de competitividade. Isto, que alimenta discussões várias, tem uma consequência: soma-se precariedade à precariedade.

Está um país endividado até às orelhas como o nosso, e impossibilitado de desvalorizar a moeda para pagar o que deve, em condições de seguir a receita alemã? É certo e seguro que com um choque de competitividade no curto prazo garantimos mais exportações, mais crescimento económico, mais emprego e finanças mais sãs no médio prazo? Os entendidos na matéria dividem-se, mas todos tomam como certo que a receita será sempre dura. Sobretudo para a "geração parva".

Por cá, os sinais agravam a sensação de que, em 2011, o país não escapará a uma recessão. O impacto das medidas de reestruturação orçamental fez recuar a produção de riqueza no último trimestre de 2010.

De modo que estamos entre a espada que a senhora Merkel tem nas mãos e a parede a que nos deixámos encostar depois de anos e anos de loucura.

Não é um bom sítio para se estar.

Crónica de: Paulo Ferreira

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

80% da população mundial tem falta de protecção social


Oitenta por cento da população mundial carece de mecanismos de proteção social, como pensões, alertou na segunda-feira a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Destak/Lusa | destak@destak.pt

Segundo o diretor do Departamento de Segurança Social da OIT, citado pela agência Efe, apenas 20 por cento da população mundial "conta, na realidade, com acesso a mecanismos de proteção".

Na opinião de Michael Cichon, que falava em conferência de imprensa em Nova Iorque, é ainda "mais escandaloso" do que os dois por cento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial destinados a serviços sociais mínimos para a população mais vulnerável do planeta.

"As transferências sociais são a ferramenta mais poderosa e com a qual um país conta para redistribuir as suas receitas e combater a pobreza", sustentou.

De acordo com o responsável, as prestações sociais representam 50 por cento da redução da pobreza na Europa e nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico.

Michael Cichon participa esta semana em reuniões da Comissão das Nações Unidas para o Desenvolvimento Social, nas quais se pretende estabelecer bases para uma "rede mínima de proteção social".

As reuniões antecedem uma outra, em junho, entre a OIT e representantes de governos, empresários e trabalhadores dos 183 países-membros da organização.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O hino da geração de jovens precários em Portugal


Canção dos Deolinda ganha eco em Espanha

A muito badalada canção dos Deolinda ‘Parva que Sou’ fez notícia este domingo no jornal espanhol El País, que a destaca como “O hino da geração de jovens precários em Portugal”.

Destak | destak@destak.pt

O conceitudo periódico fala de um tema que, tendo sido cantado pela primeira vez a 22 de Janeiro, no Coliseu do Porto, obteve tamanho sucesso que a editora da banda decidiu editá-la.

No El Mundo observa-se como a música tem sido partilhada por milhares de pessoas nas redes sociais em Portugal e da forma como muitos jovens adultos se revêem na letra da canção, que versa sobretudo sobre o desemprego numa geração que estuda em vão.

Sou da geração sem-remuneração
e nem me incomoda esta condição...
Que parva que eu sou...

Porque isto está mau e vai continuar
já é uma sorte eu poder estagiar
Que parva que eu sou....

e fico a pensar
que mundo tão parvo
onde para ser escravo
é preciso estudar...

Sou da geração casinha-dos-pais
Se já tenho tudo, pra quê querer mais?
Que parva que eu sou...

Filhos, marido, estou sempre a adiar
e ainda me falta o carro pagar
Que parva que eu sou...

e fico a pensar
que mundo tão parvo
onde para ser escravo
é preciso estudar...

Sou da geração vou-queixar-me-pra-quê?
Há alguém bem pior do que eu na TV
Que parva que eu sou...

Sou da geração

eu-já-não-posso-mais-Que-esta-situação-d­ura-há-tempo-de-mais!
e parva eu não sou!!!

e fico a pensar
que mundo tão parvo
onde para ser escravo
é preciso estudar...

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Ao 18.º dia o faraó caiu .


A mensagem durou pouco mais de 20 segundos e pôs fim a 30 anos de poder de Hosni Mubarak, o faraó do Egipto. Ao fim de 18 dias de protestos, o regime cedeu, depois de na véspera Mubarak ter dado o seu último estertor.

Mubarak partiu, mas durante a noite eram muitos os analistas que faziam a mesma pergunta: e os militares, também vão largar o poder que controlam há quase 60 anos?

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A miséria da esquerda que anda por aí.


Em Portugal, como na Grécia, há, no que se refere à esquerda institucional, um problema adicional particularmente grave, que é o latente estalinismo, que se revelou em todo o seu esplendor, durante o periodo que mediou o anúncio da cimeira da NATO, em Lisboa e a concretização das acções de contestação aos senhores da guerra; como mais à frente se descreverá. Como a desestalinização do PCP nos anos 60 nunca foi feita, dadas as condições de clandestinidade e apersonalidade dominante de Cunhal, os diversos grupos de dissidentes dali saídos foram sempre portadores de uma ganga ideológica e de uma prática autoritária e inquisitorial ainda presente em muitos dos que compõem a esquerda actual; mesmo quando, geracionalmente, não viveram naquele tempo.
Entende-se que a compreensão das insuficiências da esquerda institucional, nomeadamente quanto às características do capitalismo actual, tornarão mais claras as razões das suas atitudes no âmbito dos propósitos deste texto – os eventos de contestação à NATO – e as causas da sua manifesta inoperância, da ineficácia da sua acção, perante as medidas empobrecedoras e repressivas que se abatem sobre a multidão, em Portugal.
Alarguemos, pois os horizontes, na senda de artigos recentes, nomeadamente “Pensar à esquerda, sem vacas sagradas”.

Há um capitalismo global constituido pelas multinacionais, o sistema financeiro e o capital mafioso que cria e enforma as suas próprias instituições regulatórias, todas elas, formalmente, com um âmbito supranacional. Nesse capitalismo global, nesse sistema imperial, não correspondente a um espaço nacional hegemónico, domina uma casta de grandes gestores, banqueiros, detentores de capital especulativo e dos media globais, mandarins e militares de alto coturno.
Este sistema global contém uma hierarquia de burguesias nacionais, com as suas rivalidades e conflitos mas, já não se pode confundir com o sistema primordialmente composto por rivalidades inter-imperialistas, entre burguesias nacionais, com pretensões hegemónicas, como aconteceu, sensivelmente até ao final da Guerra Fria. Contudo, a existência das nações serve, como desde sempre, para dividir os trabalhadores, para alimentar os antagonismos convenientes para beneficiar o capital.
A constituição de um capitalismo global, integrante das nações e, unificando no essencial, as burguesias nacionais num complexo alargado de poder não foi ainda incorporado pela esquerda portuguesa, que continua apenas a actuar contra o seu governo, isolado no seu território. Como aliás as suas congéneres europeias eapesar da (virtual) criação de um Partido da Esquerda Europeia.
Apetece dizer, abaixo os organismos de cúpula, vivam os orgasmos de cópula, memorável frase escrita nas paredes de Lisboa durante o Prec. Acontece que há muito o poder económico tomou conta do poder político; e como esse poder económico é global, o poder político nacional é a agência local do capitalismo global, do império. É, particularmente claro, no momento presente, o escasso poder do governo português, de Sócrates ou do seu sósia Passos, meros robots dos “mercados” e das tutelas do BCE, da Comissão Europeia, do FMI, da comissária Merkel. E, consequentemente, não está presente na prática da esquerda social-democrata – como na das esquerdas institucionais europeias – uma visão internacionalista da luta social e política, que dê prioridade à unidade dos povos europeus contra o capital. Há mesmo quem procure (PC) aliciar, explicitamente, os trabalhadores para um patriotismo ridículo, serôdio, enganador e suicida.


Retirado do artigo: "A miséria da esquerda que anda por aí"

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

É o "regabofe" completo...


As quatro maiores instituições de crédito ganharam 3,9 milhões de euros por dia o ano passado.

Apesar de registarem 1,4 mil milhões de euros de lucro, quase o mesmo que em 2009, os bancos Espirito Santo, Santander Totta, BPI e Millenium pagaram menos 168,8 milhões de euros em impostos.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Será que aprendemos algo com o Egipto?


Uma das aprendizagens que tenho feito ao longo da vida é de cariz socrático: descubro que os dirigentes dos estados ocidentais, os paladinos da democracia movida pelo combustível dos serviços secretos, das centrais de informação, dos satélites espiões, do dinheiro para corromper e comprar almas, afinal, só sabem que nada sabem.

O caso mais célebre deu-se com a queda do Muro de Berlim e o rápido colapso do socialismo soviético: a CIA nada sabia, nada tinha previsto. Dez anos antes, quando o ayatollah Khomeini, exilado em França, se preparava para apanhar os restos da queda do regime ridículo do Xá da Pérsia, a Europa via nele uma luz, talvez um pouco folclórica, é certo, mas de esperança libertária para o Irão. Que equívoco extraordinário!

Mesmo assim, nada se aprendeu. Foi possível invadir duas vezes o Iraque para resolver coisa alguma. Foi possível dar armas a Bin Laden e tê-lo depois como o inimigo público número um. Foi possível o 11 de Setembro. Foi possível denunciar armas de destruição maciça que nunca existiram. Foi possível o conflito Israel-Palestina voltar inúmeras vezes ao ponto de partida. Foi possível continuar a errar, a errar, a errar.

Desde os anos 80 que os embaixadores dos países da liberdade e do cristianismo enviam correspondência às suas capitais a alertar para o perigo do fanatismo religioso no mundo árabe. Tinham medo do fanatismo na Argélia. Tinham medo do fanatismo em Marrocos. Tinham medo do fanatismo em Londres e Paris, onde residem grandes comunidades árabes. Tinham medo, em suma, que o fanatismo lhes entrasse em casa.

Ouvi vários sábios e candidatos a sábios dizerem que esse problema, juntamente com o da degradação do ambiente e o da escassez de fontes energéticas, seriam os grandes temas do século XXI. Mesmo assim, nada se aprendeu.

Quando olho para a crise no Egipto e oiço os comentários titubeantes dos grandes dirigentes mundiais, o seu ar embaraçado face ao movimento de protesto, a capacidade de resistência de Hosni Mubarak - que tão apaparicado foi pelos países que agora lhe viram costas - as velhas explicações sobre ramos religiosos que dividem o islão (como se isso explicasse tudo!), a descrição simplista sobre as tendências políticas do país, as conclusões desmentidas pelos factos no dia seguinte, desespero!

Só espero que, de vez, nos convençamos disto: sobre o mundo que não é o nosso, nada sabemos. Só espero que, modestamente, em vez de continuarmos a tentar manipular a realidade, nos calemos, finalmente, para tentar, seriamente, ouvir e aprender.

Crónica de Pedro Tadeu

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Não nos queiram fazer de parvos...


Todos os ''governantes'' [a saber: os que se governam...] de Portugal falam em cortes das despesas, mas não dizem quais, e aumentos de impostos, a pagar pela malta

Não ouvi foi nenhum governante falar em:

. Reduzir as mordomias (gabinetes, secretárias, adjuntos, assessores, suportes burocráticos respectivos, carros, motoristas, etc.) dos três Presidentes da República retirados.

. Redução dos deputados da Assembleia da República e seus gabinetes, profissionalizando-os como nos países a sério. Reforma das mordomias na Assembleia da República, como almoços opíparos, com digestivos e outras libações,tudo à custa do pagode

. Acabar com os milhares de Institutos Públicos e Fundações Públicas que não servem para nada e têm funcionários e administradores com 2º ou 3º emprego.

. Acabar com as empresas Municipais, com Administradores a auferir milhares de euros mês e que não servem para nada, antes acumulam funções nos municípios, para aumentarem o bolo salarial respectivo... Redução drástica das Câmaras Municipais e Assembleias Municipais, numa reconversão mais feroz que a da Reforma do Mouzinho da Silveira, em 1821, etc

. Redução drástica das Juntas de Freguesia.

. Acabar com o pagamento de 200 € por presença de cada pessoa nas reuniões das Câmaras e 75 € nas Juntas de Freguesia

. Acabar com o Financiamento aos Partidos. Que devem viver da quotização dos seus associados e da imaginação que aos outros exigem para conseguirem verbas para as suas actividades

. Acabar com a distribuição de carros a Presidentes, Assessores, etc, das Câmaras, Juntas, etc., que se deslocam em digressões particulares pelo País.

. Acabar com os motoristas particulares 20 h/dia, com o agravamento das horas extraordinárias... para servir suas excelências, filhos e famílias, e até os filhos das amantes.... Acabar com a renovação sistemática de frotas de carros do Estado e entes públicos menores, mas maiores nos dispêndios públicos.

. Colocar chapas de identificação em todos os carros do Estado. Não permitir de modo algum que carros oficiais façam serviço particular tal como levar e trazer familiares e filhos às escolas, ir ao mercado a compras, etc. Acabar com o vaivém semanal dos deputados dos Açores e Madeira e respectivas estadias em Lisboa em hotéis de cinco estrelas pagos pelos contribuintes que vivem em tugúrios inabitáveis...

. Acabar com os "subsídios" de habitação e deslocação a deputados eleitos por circulos fora de Lisboa... que sempre residiram na Capital e nunca tiveram qualquer habitação nos circulos eleitorais a que concorreram!

. Controlar os altos quadros "colocados" na Função Pública (pagos por nós...) que quase nunca estão no local de trabalho. Então em Lisboa é o regabofe total: HÁ QUADROS QUE, EM VEZ DE ESTAREM NO SERVIÇO PÚBLICO, PASSAM O TEMPO NOS SEUS ESCRITÓRIOS DE ADVOGADOS A CUIDAR DOS SEUS INTERESSES, QUE NÃO OS DA COISA PÚBLICA...

. Acabar com as administrações numerosíssimas de hospitais públicos que servem para garantir tachos aos apaniguados do poder - há hospitais de província com mais administradores que pessoal administrativo. Só o de PENAFIEL TEM SETE ADMINISTRADORES PRINCEPESCAMENTE PAGOS... pertencentes ás oligarquias locais do partido no poder...

. Acabar com os milhares de pareceres jurídicos e outros, caríssimos, pagos sempre aos mesmos escritórios que têm canais de comunicação fáceis com o Governo no âmbito de um tráfico de influências que há que criminalizar, autuar, julgar e condenar...

. Acabar com as várias reformas, acumuladas, por pessoa, de entre o pessoal do Estado e de entidades privadas, que passaram fugazmente pelo Estado.

. Pedir o pagamento dos milhões dos empréstimos dos contribuintes ao BPN e BPP, com os juros devidos!

. Perseguir os milhões desviados por Rendeiros, Loureiros e quejandos, onde quer que estejam e recuperar essas quantias para os cofres do Estado.

. E por aí fora... Recuperaremos depressa a nossa posição, sobretudo a credibilidade tão abalada pela corrupção que grassa e pelo desvario dos dinheiros do Estado .

. Quem pode explicar porque é que o Presidente da Assembleia da República tem, ao seu dispor, dois automóveis de serviço? Deve ser um para a "pasta" e outro para a "lancheira"!...

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Como foi notícia o início da Guerra há 50 anos.

"Cem terroristas" atacam o império de Salazar. No rescaldo do desvio do paquete 'Santa Maria', os portugueses são surpreendidos com o assalto a representações em Luanda. Mais do que um golpe contra a ditadura, a rebelião expressa a primeira contestação ao colonizador e inicia o movimento independentista que obrigará à recruta dum milhão de soldados para três frentes de guerra. Salazar reage, pressionado pela comoção popular, mas morre sem achar a solução política que todos querem.

Salazar entrou no seu gabinete em São Bento e viu a primeira página do Diário de Notícias de 5 de Fevereiro de 1961. Sabia o que o esperava porque, no dia anterior, os acontecimentos lhe tinham sido comunicados e parte da noite fora de preocupação sobre o que se atravessava à frente da sua governação.

Não gostou do que estava impresso nas duas colunas da direita, mas ficou agradado com a mancha de notícias que dominava as quatro da esquerda. Aquela que mais o importunava era a notícia de que "Grupos armados tentaram assaltar ontem em Luanda a Casa de Reclusão, o Quartel da PSP e a Emissora Oficial". Aquela que mais bem disposto o deixava era o título que fazia a confirmação pública de que "o paquete Santa Maria voltou à posse do comandante e tripulantes". Uma notícia compensava a outra...

Se nesses dias fosse possível Salazar aperceber-se da verdadeira dimensão do significado dos ataques dos insurrectos em Angola, provavelmente nem uma linha teria sido publicada no jornal, tal como o presidente do Conselho iria mandar que fosse a regra nos anos seguintes, através de censura efectuada pela PIDE, que deixará em branco várias vezes as páginas do jornal dirigido por Augusto de Castro.

As notícias sobre o 4 de Fevereiro de 1961 em Luanda eram no dia seguinte ainda bastante difusas na metrópole, situação que se mantém inalterada até aos dias de hoje devido à inexistência de um esclarecimento definitivo, por via da História, do que foram esses factos e dos seus autores exactos. Se ao regime de Salazar interessava lançar a dúvida sobre a verdade, e até culpar quem interessasse às autoridades - das colónias e em território continental -, também nunca ficou conhecido o verdadeira rosto dos responsáveis por estes ataques independentistas que marcaram o início da verdadeira contestação à manutenção por Portugal das suas províncias ultramarinas.

Nem a história pós-independência de Angola ainda se preocupou com essa investigação e registo até ao momento, justificando-se com a sangrenta guerra civil posterior ao 25 de Abril de 1974 e até com o facto de existir uma história oral que caracterizará a passagem de testemunho nas ex-colónias.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Nunca é demais relembrar

Alguns dedicam-se obsessivamente aos números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de pessoas.

Recentemente, ficámos a saber, através do primeiro estudo epidemiológico nacional de Saúde Mental, que Portugal é o país da Europa com a maior prevalência de doenças mentais na população. No último ano, um em cada cinco portugueses sofreu de uma doença psiquiátrica (23%) e quase metade (43%) já teve uma destas perturbações durante a vida.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque assisto com impotência a uma sociedade perturbada e doente em que violência, urdida nos jogos e na televisão, faz parte da ração diária das crianças e adolescentes. Neste redil de insanidade, vejo jovens infantilizados incapazes de construírem um projecto de vida, escravos dos seus insaciáveis desejos e adulados por pais que satisfazem todos os seus caprichos, expiando uma culpa muitas vezes imaginária. Na escola, estes jovens adquiriram um estatuto de semideus, pois todos terão de fazer um esforço sobrenatural para lhes imprimirem a vontade de adquirir conhecimentos, ainda que estes não o desejem. É natural que assim seja, dado que a actual sociedade os inebria de direitos, criando-lhes a ilusão absurda de que podem ser mestres de si próprios.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque, nos últimos quinze anos, o divórcio quintuplicou, alcançando 60 divórcios por cada 100 casamentos (dados de 2008). As crises conjugais são também um reflexo das crises sociais. Se não houver vínculos estáveis entre seres humanos não existe uma sociedade forte, capaz de criar empresas sólidas e fomentar a prosperidade. Enquanto o legislador se entretém maquinalmente a produzir leis que entronizam o divórcio sem culpa, deparo-me com mulheres compungidas, reféns do estado de alma dos ex-cônjuges para lhes garantirem o pagamento da miserável pensão de alimentos.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque se torna cada vez mais difícil, para quem tem filhos, conciliar o trabalho e a família.

Nas empresas, os directores insanos consideram que a presença prolongada no trabalho é sinónimo de maior compromisso e produtividade. (Certos princípios de Avaliação vão descambar neste ideário e deveras assombrá-lo).

Portanto é fácil perceber que, para quem perde cerca de três horas nas deslocações diárias entre o trabalho, a escola e a casa, seja difícil ter tempo para os filhos. Recordo o rosto de uma mãe marejado de lágrimas e com o coração dilacerado por andar tão cansada que quase se tornou impossível brincar com o seu filho de três anos.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque a taxa de desemprego em Portugal afecta mais de meio milhão de cidadãos. Tenho presenciado muitos casos de homens e mulheres que, humilhados pela falta de trabalho, se sentem rendidos e impotentes perante a maldição da pobreza. Observo as suas mãos, calejadas pelo trabalho manual, tornadas inúteis, segurando um papel encardido da Segurança Social.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque é difícil aceitar que alguém sobreviva dignamente com pouco mais de 600 euros por mês, enquanto outros, sem mérito e trabalho, se dedicam impunemente à actividade da pilhagem do erário público. Fito com assombro e complacência os olhos de revolta daqueles que estão cansados de escutar repetidamente que é necessário fazer mais sacrifícios quando já há muito foram dizimados pela praga da miséria.

Finalmente, interessa-me a saúde mental de alguns portugueses com responsabilidades governativas porque se dedicam obsessivamente aos números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de pessoas. Entretanto, com a sua displicência e inépcia, construíram um mecanismo oleado que vai inexoravelmente triturando as mentes sãs de um povo, criando condições sociais que favorecem uma decadência neuronal colectiva, multiplicando, deste modo, as doenças mentais.

E hesito em prescrever antidepressivos e ansiolíticos a quem tem o estômago vazio e a cabeça cheia de promessas de uma justiça que se há-de concretizar; e luto contra o demónio do desespero, mas sinto uma inquietação culposa diante destes rostos que me visitam diariamente.

Pedro Afonso

Médico psiquiatra, publicado no

Público, 2010-06-21

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A política anda mesmo na mó de baixo.


Uma sondagem concluiu que 90 e tal por cento dos portugueses não confiam no(s) governo(s), acham que os políticos se servem em vez de servirem e estão desiludidos com a política, que, devendo ser "res publica", é cada vez mais... "res" privada. Um politólogo ouvido pelo JN não podia descrever a situação de forma mais cruel: "os partidos são máquinas com agenda própria que vivem para os seus dirigentes e quadros e só secundariamente são agentes ao serviço do país". Cenário mais negro do estado a que chegou a política em Portugal dificilmente poderia ser pintado...

Essa desilusão quase generalizada tem reflexo, por exemplo, nos actos eleitorais. Anda muita gente a tentar explicar os 53,37% de abstenção com o comodismo, o frio, a ausência de suspense - e passa alegremente por cima de sinais alarmantes como este: os votos brancos quase atingiram 200 mil. No primeiro caso pode falar-se de "antipolíticos" passivos, mas os votos brancos provêm de "antipolíticos" activos. Ou seja, cidadãos que querem passar a mensagem de que não se revêem em nenhum dos candidatos nem nos seus programas.

Mas há mais - há José Manuel Coelho. Quando se pensaria que ia desistir à boca das urnas, depois de cumprir a tarefa de "dizer mal" do dr. Jardim, sucede que vai em frente e arrecada quase 190 mil votos. Mesmo descontando 46 mil de madeirenses antijardinistas, como explicar que só no continente tivesse recolhido mais de 140 mil votos? Esperariam esses eleitores que Coelho chegasse a Belém? Decerto que não! A exemplo de quem votou em branco, quem votou Coelho o mais que esperaria é que os nossos políticos acordassem de vez para a evidência de que a política anda, por cá, pelas ruas da amargura, é mal amada e nada respeitada.

Crónica de Sérgio Andrade