segunda-feira, 10 de março de 2008

Que "comboio" devemos apanhar?


Já não há mais palavras que possam explicar a "irredutibilidade" de um Governo que, por ter a maioria, exerce um poder ditatorial. É pura e simplesmente não querer dialogar porque... não. A história há-de ser feita...


Sindicalismo e conflitualidade (jornal “Sexta” de 07.Março.2008)
Por Elísio Estanque*
*Professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra; Coordenador do Núcleo de Estudos do Trabalho e Sindicalismo

Perante as profundas mudanças que vem ocorrendo no mundo do trabalho (fragmentação, flexibilização, precariedade, etc.), num contexto geral de desfiliação e individualismo, o movimento sindical vem enfrentando crescentes dificuldades.
Enquanto o capital opera numa escala global, os sindicatos habituaram-se a agir numa lógica nacional ou sectorial (por vezes corporativa), da qual precisam de sair. O sindicalismo foi o grande movimento da sociedade industrial, mas hoje continua amarrado a esse modelo e não se adaptou ás exigências da sociedade pós-industrial da era da globalização.
No pós-25 de Abril de 1974 a mobilização dos trabalhadores foi excepcional, mas idealista e romântica. A partir de então a concertação social favoreceu a institucionalização dos sindicatos e os seus dirigentes foram-se afastando das bases. Hoje, com a precariedade e o individualismo, tende a crescer a desconfiança em relação à classe política e aos sindicatos, devido também ao clima de pressão e autoritarismo empresarial que se instalou.
Em relação à CGTP, a influência do PCP tem de facto servido de travão à renovação, mas a sua posição dominante na central beneficia do escasso envolvimento de outras forças partidárias. E é óbvio que a renovarão não está no BI mas sim no diagnóstico, no discurso e nas práticas. Requer a reinvenção das formas de acção e de articulação com os sectores do sub-emprego ou empregos atípicos e com outros movimentos sociais.
Na actual conjuntura é visível o divórcio entre o Governo e o eleitorado (que lhe deu a maioria). A sua fraca sensibilidade social, o défice de diálogo com os sindicatos, a estagnação económica com a perda de poder de compra, o bloqueio das carreiras, o agravamento das desigualdades sociais, etc., conduziram ao enquistamento social e despoletaram a onda de contestação em curso.Importa, portanto, não confundir estas grandes manifestações com manipulações político-partidárias. São protestos que traduzem um real descontentamento das pessoas.

1 comentário:

Anónimo disse...

Os sindicalistas deixaram as bases e foram para a concertação social? quais, os da ugt, será que ainda existem, ou já têm todos tachos com o socrates, outra questão a CGTP não evolui como, se é o unico travão aos objectivos do poder economico e politico, além do mais a central não substitui trabalhadores, mas representa-os, se os mesmos não lutarem nada feito.