sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Back to reality!


A venda da EDP está decidida. A operação foi feita pelo buraco da agulha e garante ao Estado português um encaixe financeiro irrepetível. É muito dinheiro. É muita política. É muito lóbi. É, curiosamente, pouca a polémica entre os cidadãos. E é mais do que parece: são os credores a tomar a propriedade.

Quando explicar as razões da sua escolha, o Governo dirá que foi feito o melhor negócio para o Estado, escolhido o melhor parceiro para a empresa e garantido o melhor futuro para o País. Na verdade, todas as propostas finais eram boas e o Governo fará de conta que escolheu sem considerações políticas. O que será, obviamente, falso. O dono da EDP não foi escolhido num "teste cego". Não só porque a nacionalidade é obviamente importante mas também porque há muitos factores moles em cima dos números duros. As contrapartidas para o Estado. E as represálias para o Estado.

Todos foram favoritos, ao longo do processo. Primeiro a Eletrobras, depois a E.ON, no fim a Three Gorges. Todos cometeram erros. Erros que vão ficar para a história, que será contada pelos vencedores. Entre esses vencedores estará o Estado português, que vende 50% acima do preço de mercado, e a administração da EDP, que preparou o processo nos últimos meses.
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Na ponta final, os chineses passaram a favoritos. Porque põem um saco de dinheiro na empresa, no Estado e na economia portuguesa, criam uma fábrica e prometem apoiar a banca. Foram, de todos, os que menos erros parecem ter cometido, embora não tenham resistido a criticar o noticiário nos jornais portugueses. É natural que os chineses não se dêem bem com a imprensa livre: só a conhecem de longe.
Artigo de: Pedro santos Guerreiro

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