sexta-feira, 25 de julho de 2008

Em tempos difíceis as más notícias doem mais.

As notícias chegam-nos em “catadupa” e nem sequer nos dão tempo para “digerir” e “pensar” nelas. Esquecemo-nos muito rapidamente do que aconteceu “ontem”... Será de propósito? Ou será fruto de uma sociedade em “mutação”? (Sud Express)

Uma breve passagem de olhos pelos jornais ao longo da semana, numa altura em que metade dos portugueses está de férias e a outra metade não pensa noutra coisa. Há folhetins que se arrastam pelos dias (Hermitage, Maddie, Esmeralda, Quinta da Fonte, decisões do Conselho de Justiça da FPF) e notícias avulsas que nos levantam uma dúvida sinistra: este país ainda funciona?
Pagamos uma factura escondida na conta da electricidade para financiar as energias alternativas (Correio da Manhã); os processos de adopção, apesar de uma muito saudada nova lei, continuam a arrastar-se, em média, por cerca de cinco anos (Diário de Notícias); há cada vez mais roubos nos supermercados portugueses (Público). Descobriu-se uma bactéria mortal numa piscina pública (Jornal de Notícias), continuam a aparecer exemplos de como a descida do IVA não se reflectiu nos preços finais ao consumidor, quatro universidades apresentaram 1,5 milhões de euros em despesas ilegais (DN), cientistas empregues por laboratórios do Estado andam há anos a receber menos do que a lei lhes garante (Público).
A chegada da já muito anunciada crise económica (confirmada, também esta semana, com a divulgação dos números do BCP, por exemplo) terá lançado o país numa vaga de insanidade e descontrolo? Ou são os jornais que reforçam a atenção sobre as más notícias, por «venderem» mais nesta altura?
A resposta a estas questões nunca é simples, mas a verdade é que os jornais há muito são acusados de privilegiarem as más notícias, em detrimento das boas. E não haja dúvidas de que as primeiras captam sempre mais as atenções de quem lê.
Se agora nos sentimos desconfortáveis com esta regra não escrita, é provavelmente porque estamos mais fragilizados. Vagamente deprimidos. Ou a precisar de férias.

In: Jornal: “Sexta” de 25.Julho.2007

Sem comentários: