Depois do período de caça aos culpados no sector financeiro, actividade sempre simpática nestes momentos em que todos sacodem a culpa para o lado, o drama inicial ameaça tornar-se num filme de terror. O que se adivinhava. Os governos estão a comportar-se como as galinhas em momentos de pânico: fogem em todas as direcções. Depois de alimentados, anos a fio, com o milho do neo-liberalismo, vêem-se sem capoeira.
O resultado está à vista: o delicado castelo de cartas financeiro ruiu com estrondo, e os governos refugiaram-se nos anti-depressivos. A economia criada a partir de ficções criou líderes de desenhos animados. Olhe-se para a resposta dos principais líderes europeus à crise: D’Artagnan (o do "um por todos, e todos por um!") teria vergonha de voltar a sair à rua. Já se sabia que a UE não tem uma política única de defesa. Mas acreditava-se que, num momento de crise financeira grave, tivesse uma política económica única. Não tem.
O que é uma vergonha para uma comunidade que começou a ser construída à volta de um mercado comum. Os novos políticos europeus estão órfãos. Nem têm ideologia, nem, agora, sabem usar o poder do Estado. Eram gestores. Agora são galinhas tontas.
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