quinta-feira, 4 de março de 2010

Sócrates é a Rainhade Copas com telemóvel?


A versão de Alice no País das Maravilhas de Tim Burton chega hoje aos cinemas. Em 3D, promete ser um êxito de bilheteiras, mas não acredito que atraia tantos espectadores como o País das Maravilhas de Sócrates, envolto em temporais e ventanias, dentro e fora de casa, e com uma omnipresença de telefonemas e almoços. Ontem lá vimos mais um episódio, em directo da AR, em que Manuela Moura Guedes e Francisco Pinto Balsemão, em estilos diferentes, convenhamos, foram claros na denúncia de um plano de controlo da comunicação social.
Moura Guedes queixa-se de Espanha, Pinto Balsemão afirma que há uma estratégia para enfraquecer os grupos privados.
Basta ouvir o relato de uns, e compará-la com a história do outro para perceber como estes dois países são afinal um só. Ora veja: no filme, o País das Maravilhas passa por um mau bocado, aliás já tem pouco de maravilhoso. A culpa é da Rainha
de Copas, que manda cortar cabeças a torto e a direito. É certo que na versão de Burton a Rainha Vermelha não usa telefone, mas também ela quer calar todos os que a criticam. É apoiada na sua demanda de controlo pelo Monstro (uma grande empresa?), e pelo seu braço armado, o Valete de Copas, um aliado do mesmo baralho. Burton não diz qual o salário do rapaz, mas subentende-se que ganha mais do que o resto das cartas todas.
Também no País cinematográfico é silenciado o Oráculo, que profetiza a chegada de uma Alice capaz de devolver a bondosa e competente Rainha Branca ao poder.
Do lado dos bons luta o Chapeleiro Louco, deprimido mas com um grande desejo de mudança e uns arremessos de coragem (com que todos nos identificamos) e o Coelho Branco, sempre atrasado (será Teixeira dos Santos com o Orçamento?). Infelizmente, no nosso País das Maravilhas não se vislumbra nem a Alice nem a Rainha Branca. Dão-se alvíssaras a quem as encontrar.


Editorial Destak (4 de Março de 2010): ISABEL STILWELL

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