terça-feira, 2 de setembro de 2008

Acção urgente precisa-se!


Desde há dez anos que participo, no mês de Setembro, em Nova Iorque, a convite das Nações Unidas, nas Assembleias Gerais entre aquele organismo e a sociedade civil mundial. Essas assembleias antecedem sempre as cimeiras entre os chefes de Estado e de Governo na ONU. No ano passado, a assembleia teve como te mas as “Alterações Climáticas”. Foram chamados a intervir os grandes peritos mundiais sobre essa cadente matéria, que interessa de sobremaneira a todos porque diz respeito à sobrevivência do nosso planeta como receptáculo da espécie humana.
Desse encontro de três dias retive dois factos essenciais:
1. Façamos o que fizermos hoje, essas acções só terão impacto positivo daqui a 20 ou 30 anos no nosso “environment” planetário. Isto quer dizer que vamos ter de arcar com as consequências dos nossos desvarios ambientais nos próximos 20, 25 anos, a saber: Degelo acentuado ou quase total dos pólos, Gronelândia e Alasca — neste último caso, para grande regozijo das petrolíferas (exploração mais acessível e barata!); Subida do nível dos mares; Aumento das secas, tornados, furacões, ciclones, chuvas torrenciais…; Desaparecimento acentuado de múltiplas espécies animais e vegetais nos oceanos e à superfície da Terra; Refugiados climáticos e ondas migratórias em massa que serão difíceis, senão impossíveis, de controlar; Fome acrescida, doenças…. A esgotarmos o planeta ao ritmo actual, por isso sem mudança do paradigma do consumo e do modo de vida consumista, daqui a 100, 200 ou 300 anos será necessário a procura de novos habitats no nosso sistema solar: a nossa própria Lua, Marte ou a Lua Europa, de Júpiter. Nenhum desses lugares tem as qualidades intrínsecas (água, temperatura, …) e atmosféricas da nossa terra e por isso deverão ser feitas múltiplas adaptações para podermos sobreviver.
Num primeiro passo, teremos talvez de nos refugiar no fundo dos nossos oceanos. Essas fugas só serão possíveis para uma ínfima minoria de eleitos: um milhão de habitantes do nosso planeta, que já tem acima de seis biliões!
Para os outros não haverá futuro senão a sua extinção progressiva… Para já, tecnologicamente (a menos que se consiga encontrar fontes energéticas, hoje para nós desconhecidas, que permitam ultrapassar a célebre fórmula de Einstein: E=MC2 ou M=E/C2…), não se vislumbra qualquer hipótese de irmos à procura de outros sistemas solares da nossa galáxia Via Láctea e, “a fortiori” à procura de outros sistemas noutras Galáxias.
Como vêem, não há tempo a perder. Cabe-nos a nós todos, cidadãos, prepararmos já a imediata mudança no nosso paradigma de vida e consumo. Em nosso nome, dos nossos filhos e das próximas gerações...

Fernando Nobre (Médico cirurgião) - Jornal Metro de 2 de Setembro de 2008.

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