segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Regresso à Guerra Fria?


Líderes discutem também independência da Abcásia e da Ossétia do Sul Os chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE) estão hoje reunidos, em Bruxelas, numa cimeira de líderes extraordinária agendada por Nicolas Sarkozy, presidente em exercício dos 27. Que resposta dar ao conflito no Cáucaso e o futuro próximo das relações UE-Rússia são as questões que estão hoje em cima da mesa. A possibilidade de a UE determinar sanções à Rússia está, à partida, posta de parte, mas alguns estados-membros como o Reino Unido ou a Suécia sugerem um endurecimento do discurso contra o Kremlin. A questão divide os europeus, acima de tudo, por interesses estratégicos. Países como a Alemanha, que depende do abastecimento energético através da Rússia, deverão tentar colocar alguma água na fervura. Pesar os prós e os contras de uma diplomacia mais dura será, portanto, um dos pontos que tomará grande parte da reunião. As declarações do primeiro-ministro britânico ao jornal The Observer poderão ser um factor a complexificar a discussão. Londres não quer ficar "refém" do papel que a Rússia desempenha no abastecimento de gás e de petróleo da UE. Gordon Brown quer que a Europa encontre fontes energéticas alternativas. O chefe do Governo receia que o conflito que estalou na Ossétia do Sul derive para uma "guerra energética", justificando a aposta nas alternativas, o investimento no nuclear e, ainda, mais fundos para a construção do gasoduto no Mar Cáspio que permita o transporte através da Turquia. Os líderes dos 27 terão ainda de tentar dar uma resposta à autoproclamação de independência das duas regiões separatistas da Geórgia: Ossétia do Sul e Abcásia. As duas contaram desde a primeira hora com o apadrinhamento de Moscovo que usa o reconhecimento da independência do Kosovo, por grande parte dos Estados-membros da UE, como um precedente internacional no que toca a autodeterminação territorial. No imediato, e no que diz respeito à situação na Geórgia, prevê-se que os líderes decidam enviar especialistas europeus para monitorizar o cessar-fogo, bem como a nomeação de uma figura comunitária que supervisione a ajuda humanitária no terreno. Sobre a resposta a dar a Moscovo, especialistas nas relações entre Bruxelas e Moscovo falam no congelamento das negociações com fim à abolição de vistos para turistas que viajem entre Rússia e Europa. (DN de 1 de Set. 2008)

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