quinta-feira, 9 de agosto de 2012

"É extremamente preocupante o que se está a passar a nível do investimento em Portugal".


O deputado do PS Basílio Horta considerou hoje "extremamente preocupante" a suspensão de vários investimentos em diversos setores da economia e criticou a postura do Governo, sublinhando que grandes projetos exigem um acompanhamento de "proximidade" pelo Estado.

"É extremamente preocupante o que se está a passar a nível do investimento em Portugal. Quer no investimento nacional, quer no investimento estrangeiro. Nos últimos tempos, não só não se conseguiu atrair nenhum investimento estrangeiro, como até os contratos que estavam assinados, e era previsível que pudessem ser executados, estão a falhar e os investidores estão a abandonar os seus projetos", disse Basílio Horta, em declarações à agência Lusa.

O deputado da bancada socialista e ex-presidente da Agência para o Investimento e o Comércio Externo de Portugal (AICEP) apontou como exemplos, entre outros, os casos da rescisão do contrato entre este organismo e a RPP Solar, do cancelamento de um projeto da Nissan previsto para Aveiro e a suspensão da construção do maior complexo turístico para o Alqueva.

"O que está acontecer é realmente grave porque esta queda de investimento significa crescente desemprego e não só. Se o investimento continua a cair a este ritmo, as próprias exportações não podem deixar de ser gravemente afetadas", disse, sublinhando a situação "merece uma grande reflexão por parte do Governo".

Para Basílio Horta, o caso do Alqueva, um investimento "da maior relevância" para o país, é "paradigmático".

"A pergunta é esta: quem se reuniu com a Caixa Geral de Depósitos e com o investidor? Foi o Ministério dos Negócios Estrangeiros? Porque este é um grande investimento que depende da AIECP [que está sob tutela deste ministério]. Ou foi o ministro da Economia? Ou não foi nenhum? Esse é que é o problema: ou não foi nenhum?", enfatizou.

O deputado questionou depois o papel da CGD neste processo, sublinhando que se trata de "um banco do Estado" que deve reger-se pela defesa do interesse público mas que decidiu "deixar de financiar um dos projetos mais relevantes da economia portuguesa".

Basílio Horta acrescentou que se a CGD não cumpre "o seu papel de fomentador de bom investimento", então "mais vale ser privatizada". O deputado ressalvou porém que é contra a privatização do banco.

"O investimento precisa de competitividade, mas precisa também de proximidade. E esta ideia que o Governo tem de que o Estado não tem de se meter, não tem de apoiar as empresas, tem de deixar as empresas livres, de que o mercado é que resolve tudo, está a ter consequências graves", considerou.

O deputado fez ainda um "último aviso": "Se o QREN deixa de poder ser aplicado às grandes empresas, nós vamos ter o fim do investimento em Portugal".

Nota: Não é preciso ser um “grande carola” para se chegar a estas conclusões.

Sem comentários: