segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Tumultos


É no mínimo bizarro que o primeiro-ministro de um país pacato ache por bem começar a dissertar sobre tumultos. Será que os deseja? Será que vê neles a melhor desculpa para justificar o fracasso governamental que se adivinha? Até agora não se ouviu uma única palavra de estímulo ou qualquer ação que contribua para a recuperação da crise. Todos os dias se anunciam aumentos de impostos e cortes, mais a torto do que a direito, num definhamento implacável das condições de vida e de produção. Mas nada que possa de algum modo favorecer a atividade económica e oferecer alguma perspetiva positiva à existência dos portugueses. Rápido a açambarcar receitas, o governo não teve ainda tempo para apresentar um programa de estímulo à economia. Nada. Há seguramente um fundo ideológico neste comportamento. Esta direita, que se imagina liberal mas na verdade é simplesmente convencida e autoritária, acha que é sua missão pôr ordem na sociedade. Segundo Passos Coelho, os portugueses portaram-se mal anos a fio e agora há que castigá-los. O que, por via de raciocínios simplistas e muita ignorância sobre a natureza das sociedades livres e abertas, significa, no seu entender, diminuir drasticamente a capacidade de reação dos cidadãos e, no fundo, condicionar a livre iniciativa.
Artigo de: Leonel Moura

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