domingo, 30 de outubro de 2011

Grupos cristãos vão defender as tendas dos indignados em Londres



Várias organizações cristãs vão proteger o acampamento erguido frente à catedral de São Paulo, em Londres, caso a polícia intervenha para desalojar os manifestantes anticapitalistas. A iniciativa aumenta a controvérsia sobre a forma como a Igreja anglicana está a lidar com o assunto, depois de os responsáveis da catedral terem decidido recorrer aos tribunais para conseguir o desmantelamento das tendas.

“Eles estão a discutir assuntos dos quais a Igreja está sempre a falar”, disse ao Guardian Jonathan Bartley, director do instituto religioso Ekklesia, afirmando que há muitos fiéis desiludidos com a posição adoptada pela hierarquia anglicana. “Desalojar alguém em vez de lhe dar santuário é contrário ao que as pessoas pensam que a Igreja deve ser”, acrescentou.

Sábado, perto de uma dezena de associações de solidariedade e grupos cristãs de jovens e trabalhadores ofereceram-se para servir de barreira a uma intervenção policial. “Como cristãos devemos estar ao lado das pessoas de todas as religiões que lutam de forma não violenta contra a injustiça económica”, lê-se num comunicado conjunto. E a polémica subiu de tom, depois de terem surgido notícias de que os responsáveis da catedral decidiram adiar a publicação de um relatório crítico sobre os padrões morais dos banqueiros da City, o coração financeiro de Londres onde se situa o templo. Segundo o Guardian, o documento baseia-se num questionário a 500 trabalhadores do sector financeiro sobre a justiça dos salários e bónus que auferem.

Tentando serenar os ânimos, o bispo de Londres, Richard Chartres, e o deão da catedral foram neste domingo ao acampamento, tendo assegurado que o recurso aos tribunais não significa que apoiem uma intervenção policial. “Não acredito que vá conduzir imediatamente a confronto. É apenas uma medida prudente”, disse o bispo, perante os apupos de alguns indignados, sublinhando que ninguém pode garantir que outros grupos, menos pacíficos, tomem conta do local.

As tendas começaram a ser erguidas junto à catedral a 15 de Outubro, após o protesto mundial contra a ganância dos mercados. O acampamento foi crescendo, forçando o fecho do monumento durante uma semana, situação que levou a catedral e a corporação que gere a City a desencadearam acções legais para o seu desmantelamento
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