quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Sem dinheiro... nem saúde!...


O director da Escola Nacional de Saúde Pública admitiu, em entrevista à agência Lusa, a possibilidade de começarem a surgir doentes sem tratamento por falta de dinheiro.

Vamos sentir sem dúvida uma maior pressão sobre os profissionais que trabalham nos hospitais, que têm que prestar cuidados em situações em que existe falta de dinheiro, e podemos assistir a doentes que não chegam a ser tratados por falta de recursos financeiros", admitiu João Pereira, director da Escola Nacional de Saúde Pública ( ENSP), referindo-se às consequências das medidas propostas no Orçamento do Estado para 2012.

Para João Pereira, não está em causa o desaparecimento formal do Sistema Nacional de Saúde (SNS), contudo, refere, que as medidas actuais "são de tal forma fortes" que "dentro de quatro ou cinco anos" o sistema será muito diferente do actual.

"Isto leva-me a crer que em termos formais continuaremos a ter um Serviço Nacional de Saúde pago através de impostos, mas que deixará de ser tendencialmente gratuito no ponto de consumo, para ter uma comparticipação cada vez maior dos cidadãos", defendeu, sublinhando que se está a assistir "a uma enorme descapitalização do sistema público de saúde".

Para o director da ENSP, as alterações ao SNS vão trazer "dificuldades de acesso a cuidados de qualidade", o que levará "as pessoas a procurar outro tipo de cuidados, ou se não tiverem essa possibilidade, a adiar o consumo de cuidados quando tiverem situações clínicas mais onerosas para tratar".

Segundo João Pereira, a contribuir para o decréscimo de qualidade nos serviços do SNS estará o facto de vários profissionais de saúde poderem trocar o serviço público pelo sector privado.

Sem comentários: