quarta-feira, 12 de outubro de 2011

"Risco de conflitualidade está a aumentar em Portugal"


O risco de conflitualidade está a aumentar em Portugal com o agravamento das medidas de austeridade e a surdez dos governos perante os protestos das populações, defendeu hoje o sociólogo Paulo Pereira de Almeida.

"Em Portugal, na generalidade da Europa e até nos Estados Unidos, os governos têm desvalorizado a conflitualidade não violenta, mas há um risco desta aumentar e de as populações se sentirem cada vez mais distantes e impotentes perante o que está a acontecer", afirmou à Lusa o professor do Instituto Universitário de Lisboa/ISCTE.

O sociólogo defende que não deve ser desvalorizada a conflitualidade não violenta e lembra que existe um risco de, no limite, vir a nascer um movimento de fundo quase revolucionário que mude o sistema político.

Paulo Pereira de Almeida critica o "autismo" do sistema político em relação aos conflitos sociais e a "falta de consideração" que tem mostrado pela conflitualidade não violenta.

"Os governos assumem que as pessoas têm o direito de protestar, mas mantêm as políticas. O que adianta sair à rua se não somos ouvidos", questionou o sociólogo, manifestando-se preocupado com o agravamento de medidas de austeridade previstas para o próximo Orçamento de Estado (OE) que vai ser apresentado ao parlamento até segunda-feira, dia 17.

Paulo Pereira de Almeida defende que o OE devia reflectir as preocupações de fundo da sociedade e que a Europa devia dar sinais que quer uma estratégia para a criação de emprego por via inclusiva.

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