domingo, 11 de março de 2012

Crise força corte de gastos alimentares pela primeira vez nos últimos 15 anos.


Nos últimos meses do ano passado, a economia portuguesa conseguiu bater vários recordes, todos eles negativos. O consumo privado, os gastos públicos e o investimento apresentaram os maiores recuos desde que há registo estatístico, e a crise chegou mesmo à mesa dos portugueses, com o primeiro recuo dos gastos alimentares dos últimos 15 anos. As exportações - que se espera que sejam o motor da economia - também estão a abrandar, intensificando os receios de que, este ano, a recessão seja pior do que o esperado.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) actualizou ontem os dados do Produto Interno Bruto (PIB) do último trimestre de 2011, apontando agora para uma queda homóloga de 2,8% no final do ano passado, a maior desde o segundo trimestre de 2009 - o ano da recessão internacional. Em comparação com o terceiro trimestre de 2011, o PIB contraiu ligeiramente mais do que o INE previa inicialmente (1,3%), sinalizando o acentuar da recessão.

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, reagiu a estes números dizendo apenas que a contracção da economia em 2011 foi "substancialmente menor do que aquela que estava prevista no nosso programa de ajustamento" - 1,5%, em vez de 2,2%. Mas "esqueceu" o que os números também mostram: uma degradação significativa da actividade económica na fase final do ano, que parece ter afectado o poder de compra dos portugueses até nos bens mais essenciais - os alimentares.

A diminuição do rendimento disponível provocada pelos cortes salariais e pelos aumentos de impostos fez com que, nos últimos dois trimestres de 2011, as famílias tivessem reduzido as despesas com bens alimentares (-0,2% no terceiro trimestre e -1,1% no quarto). É a primeira vez desde 1996 - último ano para o qual o INE tem dados disponíveis - que estes gastos sofrem uma queda. O Banco de Portugal (BdP), que tem séries históricas das componentes do PIB, não tem informação trimestral sobre os gastos alimentares anterior a essa data, mas, a julgar pelos dados anuais, pode ser o pior valor registado em várias décadas. É que, se considerarmos todo o ano de 2011, as despesas com a alimentação estagnaram pela primeira vez desde 1971.

Nota: Para os nossos governantes tudo é... absolutamente normal...

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