sexta-feira, 2 de março de 2012

“Não estranharia que a troika propusesse a Portugal vender os Açores e a Madeira”, diz Luís Sepúlveda.


Luís Sepúlveda diz que “não estranharia que um destes dias o FMI ou a troika proponham a Portugal vender os Açores e a Madeira!”.

Em entrevista ao Jornal de Negócios, o escritor chileno lembra o que se chegou a propor à Grécia, no caso das suas ilhas, e compara as duas situações com o que aconteceu em 2003, com a Patagónia, quando o governo argentino tentou vender a região aos Estados Unidos para saldar a sua dívida externa.

“Isso é verdade e descobriu-se através de uma investigação do ‘Le Monde’ e do ‘Noveul Observateur’. Descobriu-se que a Patagónia argentina estava destinada a ser a estrela número 52 dos Estados Unidos, e foi a pressão cidadã que o impediu”, conta Sepúlveda.

O autor de “O Velho que lia Romances de Amor” considera que nos países europeus as pessoas “habituaram-se a uma espécie de riqueza, sem perguntar de onde vinha, sem perguntar o que fazer para conservar essa riqueza”. No entanto, ressalva que isto não quer dizer que acredite “na pobreza como uma virtude”, dizendo mesmo que a Europa vive casos de pobreza ao nível do pós-guerra. Na sua opinião, parte desta situação tem origem num défice de participação democrática e nas escolhas dos cidadãos. “Quando as pessoas, para terem dado “status social”, renunciam a certas coisas, como à atitude de participação…Se hoje em dia um banco tem mais força que o parlamento é porque os cidadãos o permitiram”, justifica.

Sepúlveda diz, porém, que as medidas de austeridade são cínicas por pedirem aos cidadãos que paguem por erros cometidos não só por “banqueiros e poderosos”, mas também pelos dos políticos e, no caso da Europa, pela construção deficiente do seu projecto comum.

PS - Estou desconfiado que o Sepúlveda nunca mais entra no "reino da Madeira"...

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