terça-feira, 6 de março de 2012

Todo o tempo é tempo.


Diz o Sr. Ministro das Finanças que o Governo, mesmo que venha a ser necessário, não solicitará nem o alargamento do prazo, nem o reforço de verbas, cabendo essa responsbilidade a outros, presume-se – BCE, FMI, CE.

Significa isto que o governo não é governo, é uma comissão administrativa tutelada pela Troika. É um dado oficial revelador em que o Estado Português foi substituído pela simples dependência que é condição dos satélites de todos os sinais de colonato. Omitir isto é dramático.

Acontece que o simplista discurso oficial – cumprir a Troika – vai entretendo a falta de alternativas e ocultando a forma definitiva da vontade dos portugueses.

Todavia, o poder de comunicação não pode ficar monopolizada pelo dogma Troika.

Neste sentido, a argumentação do governo PSD/CDS dá lugar à cidadania da palavra e do palavrão, à critica das opiniões e ao insulto de quem opina, ao combate ao governo e à difamação de quem governou. Mas uma coisa é incontornável: os portugueses não são um estorvo; Portugal aconteceu, acontece, e temos que querer – acontecerá. Portugal são os Portugueses: os traidores de 1580 e os heróis de 1640, os desertores e os combatentes das guerras ultramarinas….

Decerto. Em Democracia sabemos que o povo soberano vota mas não manda, usando listas partidárias que não escolhe. Não obstante, a política partidária, neste momento, não deve entravar o país. Será uma tragédia ficarem confinados a taticismos temporais ou de desgaste, em vez de serem uma longa mão do cidadão eleitor que não deseja ser um satélite ideológico, económico, político. Podemos ter que nos vergar à dureza dos factos, mas o regime democrático, assente num Estado de Direito, não permite que seja o sofrimento de muitos, que seja a gritante injustiça de poucos, a renuncia à mudança.

Por outro lado, acredito que não fazem bem os que acarinham esta submissão em que tudo se reduz a um ajuste de contas – contas político-partidárias, contas contabilisticas, “contas de cobrança à moda de Chicago anos 30”. Nenhum político sensato pode aprovar esta atitude; o infantilismo político que pretende transformar a opinião pública na etiqueta «não há alternativa» no primado do problema, já usou tempo excessivo para o demonstar. O pseudo-governo PSD/CDS (nas palavras do Ministro das Finanças) tem que arcar com as consequências das consequências: à data, 15% de desemprego, PIB –-3,5%, economia em colapso – indicadores, sinais do seu memento moris. Será de grande oportunidade que os desinteressados contribuintes não dêm crédito à má reputação de Maquiavel e o leiam e estudem.

Pois bem. Em Democracia – se ainda a queremos salvar – nada obriga a nenhuma argumentação estrutural no sentido de impedir, pela mão do Senhor Presidente da República, que se realize uma profunda mudança governamental tentando pôr termo ao desreglamento social.

Todo o tempo é tempo para transformar oportunismos politicos e /ou pessoais em valores políticos superiores: Portugal uma Pátria.

Lucílio Carvalheiro