Como é próprio das ervas daninhas acabam por absorver e “roubar” outras coisas, a esperança, a alegria, a confiança no futuro. Por outro lado, acabam por semear em nós a incerteza, um sabor meio amargo e pior que tudo o desalento, invadindo assim tudo. As raízes que as ervas daninhas lançam fazem-nos pensar que nem sequer valeu a pena aquele esforço imenso em preparar terreno, aguardar com calma e ansiedade o momento certo, retirar todos os obstáculos, por vezes criar quase do nada as condições ideais, suportar a noite fria que deixou tudo dormente para que numa madrugada radiosa se pudesse ver finalmente as sementes do futuro a germinar.
O problema da erva daninha, apesar de crescer todos os dias, é que ainda assim não consegue minar tudo, nem tão pouco acabar com a vontade de celebrar a primavera, nem controlar as papoilas que não são ervas daninhas, são flores livres que nascem onde escolhem, quando escolhem, e que contra todas as ervas daninhas, exactamente no meio delas, gritam a sua esperança rubra.
Crónica de: Ana Porfírio
Sem comentários:
Enviar um comentário