segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Com papas e bolos se enganam os tolos…


Esta crónica custou-me um bocadinho a sair, não por falta de assunto mas por excesso. De facto, nos últimos dias, os combustíveis aumentaram várias vezes, rebocando meia dúzia de aumentos consigo, tornando ainda mais difícil o dia-a-dia. Foram ainda empossados em cargos de Administração com salários milionários uma mão cheia de pessoas que passaram já por outros empregos assim, por cargos governamentais que nos trouxeram a este estado, numa triste paródia aos portugueses que não recebem salário ou a quem o salário não chega e que ouvem repetidamente que têm de ser assim Foi por estes dias assinado um acordo por uma Central Sindical que tem como fim a defesa dos direitos dos trabalhadores, acordo esse onde, na realidade, se retiram muitos direitos em nome de uma produtividade e competitividade, que eu, sinceramente, acho que não vai melhorar muito o estado das coisas. Por isso, nem a Central defendeu os direitos de quem representa, antes pelo contrário, nem me parece que isto vá beneficiar a economia nacional, excepto na hipótese da exploração que é feita em grandes grupos económicos. Trabalhar mais horas na Pastelaria perto da minha casa não vai garantir que se vendam mais bolos, até porque, daqui a pouco, ninguém tem emprego, nem salário e, como tal, não os compra. Falando em bolos, um ministro apontou como hipótese de salvação económica a exportação de pastéis de nata. É claro que aqui no Barreiro temos as bolas de manteiga, e, visto por esse prisma, podemos intoxicar o resto do mundo com pastelaria diversa, pastéis de nata feitos com leite holandês e manteiga francesa, claro está, ingredientes provavelmente vendidos numa cadeia de supermercados, dirigida por patriotas, que, com este acordo, podem despedir uns quantos trabalhadores, obrigando os que lá estão a trabalhar mais horas pelo mesmo dinheiro. Os ingredientes vão ter mesmo de vir de fora porque com estas medidas todas fabulosas cada vez produz-se menos por cá. Com um bocado de sorte, o dono patriótico dessa cadeia de supermercados é membro de uma organização mais ou menos secreta, dada a partilhar segredos e influências entre os membros, onde, de avental vestido e cumprimento secreto, cozinham meia dúzia de medidas sem a doçura dos pastéis de nata, mas sim com um amargo de boca para a maioria dos portugueses. Já diz o ditado popular que com papas e bolos se enganam os tolos mas eu não estou muito disposta a engolir histórias da carochinha.

Crónica de: Ana Porfirio

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