quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

UGT: Usurpação das Garantias dos Trabalhadores.

(Novo símbolo da UGT)

por: António Fernando Nabais

No Público de hoje pode ler-se:

Em troca [da meia hora de trabalho], [o Governo] acabaria por negociar um maior número de dias de trabalho, seja por via da redução de férias – cujo período é encurtado em três dias (de 25 para 22), seja pela redução do número de feriados. Além disso, cada empresa passa a poder gerir um banco de horas de 150 horas anuais por trabalhador – uma medida que permitirá a cada trabalhador trabalhar menos num dia e compensar com horas a mais noutro – sem que esse acréscimo seja pago como horas extraordinárias.

Em troca da meia hora de trabalho diário, a UGT conseguiu assinar um acordo em que os trabalhadores podem, em média, vir a trabalhar mais de meia hora por dia, para além de ter, orgulhosamente, garantido que o 5 de Outubro continuaria a ser feriado. João Proença, esse grande humorista, explicou que o acordo “é favorável aos trabalhadores só e apenas porque a meia hora seria mais penalizadora”, o que poderia ser comparado a um torturador que dissesse à vítima que, afinal, em vez de ser empalado, iria ser esquartejado. O que seria mesmo interessante saber é o que obteve a UGT em troca deste acordo ou se esteve em contacto permanente com o Largo do Rato, topónimo que ganha cada vez mais sentido pelo que faz lembrar aqueles que são os primeiros a abandonar o navio.

A análise do chamado acordo só serve para confirmar que cabe aos trabalhadores pagar a crise que outros criaram e para que todos saibam que, afinal, os direitos e a democracia são valores relativos, dependentes da generosidade dos que detêm o capital e dos governos que os servem.

Entretanto, o Álvaro, na mesma notícia, usando o tom ridiculamente épico com que os medíocres disfarçam a miséria, congratula-se com a assinatura daquilo a que chama um acordo, porque Portugal mostra virtudes “ao mundo, aos mercados”, afiançando que está aqui a solução para a crise, ao arrepio do que diz Joseph Stiglitz, Nobel da Economia.

Volto a lembrar: em 2015, lá surgirão umas benesses eleitorais e umas promessas que também não serão cumpridas.

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