Co-fundador da Pimco, maior gestora de obrigações do mundo, diz que investir em dívida de países do euro se tornou, por motivos diversos, num exercício muito arriscado.
Em entrevista ontem à Bloomberg TV, o norte-americano Bill Gross torce o nariz a investimentos em obrigações soberanas de países da Zona Euro, porque considera oscilarem entre a oferta de risco excessivo e retornos desajustados ou mesmo medíocres, que reflectem em boa medida a incerteza que subsiste sobre a viabilidade da união monetária no seu actual formato, com 17 países.
O número dois da Pimco, maior gestora de obrigações do mundo, afirma que investir em títulos de dívida espanhola “deixou de ser seguro”, e que existem riscos relativamente ao retorno dos empréstimos feitos a países nucleares, como Itália e França, que têm de oferecer “yields” que duplicam as taxas de crescimento nominal das suas economias.
Mesmo Alemanha não é um destino isento de perigos para os investidores, na medida em que os seus títulos oferecem rendibilidades quase residuais, que não têm em conta as responsabilidades crescentes (e, logo, o risco) assumido pelo país para garantir os fundos europeus (FEEF/MEE) que vão aos mercados captar financiamento para os que já não o conseguem fazer por si.
“Eu seria muito cauteloso em relação às ‘bunds’ alemãs porque há poucos cenários em que poderão ter um desempenho favorável. Terão um bom desempenho se a Alemanha sair do euro e, de uma forma ou de outra, regressar ao marco e pagar as suas obrigações em euros. De outro modo, se, como estamos a ver na Grécia, o problema continuar a ser empurrado com a barriga, as responsabilidades da Alemanha vão continuar a aumentar de dia para dia”, argumenta Gross, referindo-se também aos desequilíbrios no sistema de pagamento entre os bancos centrais (Target 2) que estarão a sobrecarregar o balanço do Bundesbank.
“A Alemanha tem-se tornado cada vez mais responsável pelo euro.(…) Para mim, tem risco de crédito. Não é um mercado atractivo”, afirma.
Nota: Não sou eu que digo é o Bill...
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