terça-feira, 19 de junho de 2012

Espanha estará a negociar linha de crédito de emergência.


Subida vertiginosa das taxas de juro espanholas apressou a montagem de um "plano B". Contornos da linha de crédito poderão ser ultimados nesta sexta-feira. Rajoy critica que empréstimo à banca tenha de ser contabilizado na dívida pública. "Foi tremendamente danoso”.

A mini-cimeira, que terá lugar nesta sexta-feira em Roma e que será reservada aos líderes das quatro maiores economias do euro, deverá afinar um roteiro, com medidas de curto, médio e longo prazo, com vista a enquadrar uma reforma de fôlego da arquitectura da união monetária que desejavelmente dará garantias firmes aos investidores sobre a perenidade do euro.

Mas o encontro entre o italiano Mário Monti, a alemã Angela Merkel, o francês François Hollande e o espanhol Mariano Rajoy, que precede a cimeira europeia de 28 de Junho, deverá ser dominado pela necessidade de responder aos problemas mais urgentes: o financiamento imediato do Estado espanhol e, numa segunda linha, também do italiano, com o desenho de um "plano B" para socorrer Madrid e/ou Roma caso os dois pesos pesados do euro se vejam impossibilitados de se financiar nos mercados.

A notícia está a ser avançada pelo “El Economista”, site espanhol de informação económica, segundo o qual do encontro deverá sair um compromisso mais firme sobre como Espanha poderá aceder a uma linha de liquidez assegurada pelos fundos europeus (FEEF/MEE), inaugurando assim uma outra modalidade de assistência europeia necessariamente mais “light”.

Os fundos europeus de resgate, depois dos programas de assistência a Portugal, Irlanda e Grécia, terão neste momento menos de 500 mil milhões de euros à sua disposição, aos quais se terão de retirar os 100 mil milhões de euros prometidos para a recapitalização da banca espanhola. Valores que tornam impossível um resgate puro e duro de Espanha, sobretudo quando ao virar da esquina poderá estar a necessidade de socorrer também Itália.

Os fundos de socorro do euro (FEEF/MEE) estão desde o início do ano autorizados a conceder linhas de crédito de emergência a países a quem os investidores reclamem juros proibitivos ou destinadas à recapitalização de bancos. O primeiro expediente, que exige também uma “estrita condicionalidade” como os programas de assistência puro e duros, nunca foi usado. O segundo foi prometido há menos de duas semanas para a banca espanhola, tendo sido seguido de uma reacção nervosa dos mercados, que estão agora a castigar as condições de financiamento do Estado espanhol.

As taxas de juro associadas ("yields") aos títulos de dívida a dez anos quebraram ontem a fasquia de 7%, que, para Grécia, Irlanda e Portugal, significaram o ponto de não-retorno em direcção a um pedido de ajuda externa. O Tesouro espanhol colocou esta manhã 2,4 mil milhões de euros em dívida a doze meses prometendo uma rendibilidade de 5,074% na maturidade, bem superior aos 2,985% que resultaram do anterior leilão comparável e já acima do que Portugal prometeu pagar (3,85%) para se financiar a doze meses num leilão realizado no início deste mês.

A degradação das condições de financiamento do Estado espanhol sucede após 14 semanas de ausência do BCE no mercado secundário de dívida, sendo que vários analistas antecipam a inevitabilidade de uma nova intervenção da autoridade monetária para fornecer algum alívio às taxas espanholas.

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