segunda-feira, 11 de junho de 2012

Silva Carvalho tinha password de email privado de outro espião.


Quando foi nomeado para o SIED, passou a receber a lista de chamadas dos agentes no seu gabinete.

Jorge Silva Carvalho, o ex-director do SIED (Serviço de Informações Estratégicas de Defesa) arguido no processo conhecido como o caso das secretas, terá guardado na sua enorme lista de contactos – que incluía informação detalhada sobre a vida de figuras públicas – a palavra-passe de acesso a um email privado de um agente do SIED. E aparentemente sem o seu consentimento, já que o ex--agente garantiu ao DIAP que aquela password sempre foi mantida em segredo.

Confrontado com a informação de que Silva Carvalho guardaria sobre si não só dados relativos ao seu nome e telemóvel, mas também um endereço de gmail privado(garoupadeipanema2008@gmail.com) e a respectiva password, o agente C.V., que foi director de área num departamento do SIED até ser exonerado em Dezembro de 2011, reagiu “com grande estupefacção”. No auto de inquirição conduzido pela procuradora Teresa Almeida, da 9ª secção do DIAP de Lisboa, em Abril, C.V. disse ter criado aquele email “para um contacto pessoal” e nunca ter revelado a respectiva password “a quem quer que seja”. C.V. acrescentou ainda que nunca acedeu a endereços de correio electrónico “a partir da rede externa do SIED” mas apenas através de um portátil que quando usava estava fechado num armário dos serviços.

Esta informação está guardada na base de dados que a procuradora mandou destruir, por ser potencialmente lesiva do bom nome de políticos, banqueiros e outras personalidades, já que continha informações sobre as suas preferências políticas, religiosas e sexuais. Durante as inquirições, alguns agentes confirmaram ter ouvido falar dessa lista com milhares de entradas, que o próprio Silva Carvalho publicitava. M.V., ex--director de departamento no SIED, agora em funções no gabinete coordenador de segurança, admitiu mesmo que Silva Carvalho lhe mostrou a entrada respeitante ao então ministro dos Negócios Estrangeiros Luís Amado, com “dados públicos, mas detalhados”.

Nota: Como diria Jô Soares: “Mas sou só eu? Cadê os outros?”...

Sem comentários: